7 de setembro de 2013

Professores afirmam que lingua será influenciada pela Internet


A Internet é uma ferramenta cada vez mais utilizada por pessoas que necessitam se comunicar com rapidez e veracidade. A busca por uma comunicação cada vez mais rápida fez com que os usuários de comunicadores instantâneos, sites de relacionamentos e blogs criassem uma nova codificação para se expressar.  Essa nova codificação, chamada de “Internetês”, está ganhando, dia após dia, mais seguidores e é cada vez mais difundida e utilizada na comunicação cotidiana. 

Ela é basicamente formada por abreviações de palavras que, em sua maioria, perdem as vogais.  A professora Julia Maria Gorla, mestre em estudos literários pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Araraquara (SP) e docente responsável pela disciplina Língua Portuguesa no Centro Universitário de Araraquara(UNIARA) afirma que se analisarmos o uso dessa linguagem em termos de gramática pura, é condenável o modo como as pessoas se comunicam pela Internet.“É condenável porque há uma quebra das regras gramaticais e isso vai prejudicar a Língua Portuguesa. Mas, pensando em termos de sociolinguística,que é a linguística aplicada dentro da sociedade, temos que entender que a linguagem utilizada na Internet pode ser considerada errada hoje, mas daqui a cem anos ninguém nos garante que essa linguagem não será a variante considerada norma culta padrão”, completa Julia.  A professora acrescenta também que os jovens criam um novo código linguístico com a substituição de fonemas como, por exemplo,a substituição do fonema “QU” pela letra “K”. Portanto, tanto faz escrever “aqui” ou “aki”. O som será o mesmo.

A professora acrescenta também que os jovens criam um novo código linguístico com a substituição de fonemas como, por exemplo,a substituição do fonema “QU” pela letra “K”. Portanto, tanto faz escrever “aqui” ou “aki”. O som será o mesmo.  

O professor Luiz Henrique Rosim, mestre em Sociologia pela UNESP de Araraquara e docente responsável pela disciplina Sociologia na UNIARA, diz que normalmente as gerações criam uma forma de comunicação por meio de gírias, da forma de se vestir e de se comportar. A diferença atualmente é que a juventude faz isso através da internet. “Não vejo isso como um grande problema. Normalmente as pessoas fazem isso por conta dos grupos, por conta dessa forma de querer se comunicar, mas acredito que conforme as pessoas envelhecem um pouco mais, tornam-se profissionais e se inserem na sociedade. Essa forma de comunicação acaba sendo deixada de lado. Evidentemente que se usada no contexto da internet, num bate-papo da informalidade, não apresenta nenhum problema. É preciso não extrapolar isso e usar gírias em um momento formal ou acadêmico”, declara Rosim. 

 A professora Julia conta que a fala é um fator determinante para as mudanças ocorridas na língua escrita.“Pensando nessa área sociolinguística, acredito que ela irá contribuir muito para mudar a Língua Portuguesa. Não sei se para melhor ou para pior. Mas, vai mudar”, afirma.  Segundo ela, os alunos precisam perceber que há diferenças de situações de contexto."Quando se comunica em uma situação informal pelo MSN, pelo Orkut ou qualquer outro site de rede de relacionamento social, você não tem a preocupação com regras, porque é apenas um momento de comunicação. Já não dá para fazer o mesmo em uma prova, num trabalho acadêmico ou em um concurso",observa. 

Segundo ela, nesses casos,deve-se manter ainda o que é considerado correto pela norma culta.  “Hoje, a linguagem usada na internet é considerada um abuso, mas daqui alguns anos ela pode muito bem ser considerada correta, então, como o mundo muda, as pessoas mudam, a cultura muda, os agrupamentos sociais mudam, a linguagem acompanha e também é mudada, não tem como lutar contra essas evoluções”, conclui a professora Julia.